“A mulher no Paquistão é oficialmente tratada como um objeto descartável.

Sem mais nem menos, Shahnaz Nazli, professora de um colégio feminino, 41 anos, foi assassinada por dois homens no caminho de seu trabalho no Paquistão. Ser professora – e de meninas – parece ser uma profissão muito perigosa, ainda mais perto da fronteira do Afeganistão, onde há uma forte presença islamista. Esse crime está diretamente ligado a outros para afugentar e impedir a educação das meninas e mulheres nessas fronteiras.
Lembram o ocorrido com Malala, uma menina que foi severamente atacada e ferida por escrever em um blog sobre o Direito à Educação das meninas?
Pois bem: um dos casos de violência contra a mulher mais chocantes em 2012 aconteceu no Paquistão, onde a garota Malala Yousafzai, de 15 anos, foi atacada por membros do Talebã enquanto voltava da escola. Malala, que escreve em um blog sobre as dificuldades que encontra em seu país e defende a educação para as mulheres, foi abordada no ônibus e baleada na cabeça. A garota sobreviveu e se recupera.
Apesar de não gostar de ficar escrevendo sobre estatística e números, nesse caso será a melhor forma de explanar a situação da conjuntura desse país e seus reflexos na vida das mulheres. Em primeiro lugar, como sempre digo, a nossa maior arma e instrumento é a conscientização, o conhecimento. Enfim, estamos tratando de um país onde a taxa de analfabetismo beira o índice de 70% para as mulheres e para os homens não chega a 40% (que também considero um índice altíssimo).
Os reflexos no mercado de trabalho pioram. A mulher não tem espaço, já que para nasceu para cuidar da casa e dos filhos.
Imaginem as mulheres que vivem em regiões tribais do país, onde a lei que prevalece é a dos donos de grandes lotes de terras. E quando as famílias de menor renda contraem dívidas ou ocorrem discussões entre famílias, eles resolvem o problema ou quitam sua dívida com a outra família oferecendo ou vendendo uma filha que sofrerá as piores torturas e violências inimagináveis, inclusive assassinato, sem leis que os punam.
A religião tem uma parcela de culpa nesse cenário. Enquanto o país vive ainda sob tradições da Idade Média, a população mais desfavorecida é a que mais sofre.
A morte é uma presença diária na vida de uma paquistanesa, fora ou dentro de casa. O medo é constante. Elas não têm paz, vivem sob o forte regime e regras do Talebã. Só saem de casa acompanhadas pelo homem da família e com suas burcas ou lenços cobrindo todo seu corpo e rosto.
Creio que viver assim não traz a ninguém a possibilidade de acreditar em qualquer sonho, nem planejar um futuro.
Ensinaram-me que, segundo o Islã, a educação
é obrigatória para todo o homem e toda a mulher,
mas os talebãs destruíram nossas escolas“,
frase de uma jovem paquistanesa
Aproximadamente há dois anos, um grupo de talebãs paquistaneses lançou uma campanha armada para estabelecer a lei islâmica. Depois de longos meses de conflito, autoridades paquistanesas negociaram um acordo prevendo que a aplicação dessa lei trouxesse paz. Hoje o Paquistão vive um regime totalmente fundamentalista.
Apesar do acordo não entrar totalmente em vigor, as regras do talebã, sim, essas estão prevalecendo.
Segundo as autoridades locais, 191 escolas foram destruídas nos últimos anos, sendo que 122 eram para mulheres, deixando 62 mil meninas sem acesso à educação mínima.
Huma, professora e mãe de duas crianças, ensina às próprias filhas em casa: “Eu não posso nem sequer lhes dizer como faço para ir à escola. Devemos usar a burca. Todos os dias, ou quase, penso em deixar o meu trabalho que, por incrível que pareça, torna-se perigoso”.
Apesar de ser uma mulher que sempre estudou e ganha a própria vida, não tem liberdade sequer de ir a um supermercado sem o homem da família.
A vida que levamos é insípida, sem nenhum tipo de lazer.
Não há televisão a cabo, cinema, música.
Não posso nem ir ao mercado“, lamenta-se Huma
As mulheres não podem utilizar maquiagem, aliás, todas as lojas de artigos femininos estão fechadas.
O acesso a saúde é precário e pior patrulhado, num hospital onde as mulheres, mesmo doentes, não são aceitas se não estiverem acompanhadas de um homem. E se, por ventura, alguma mulher vai sozinha, corre o risco de ser alvejada.
Muitas mulheres fugiram. Mulheres que antes tinham acesso à educação foram embora para cidades grandes próximas como Peshawar ou Islamabad, porém não conseguem emprego para sua subsistência, para se instalarem.
Agora, num cenário como esse, como pensar em direitos, em emancipação das mulheres, se a cada minuto que passa, a maior luta e prioridade delas é a sobrevivência?
As imagens a
baixo descrevem mais do que palavras:
Chocante: mulheres queimadas com ácido no Paquistão
Fonte das imagens e textos abaixo: www.mentesmodernas.com.br
Em pleno século XXI, ainda existem casos chocantes e inacreditáveis como esses. Mulheres deformadas e queimadas com ácido. As imagens são chocantes, e bem que poderiam servir de alerta a esse tipo de impunidade.
Irum Saeed, 30 anos, no seu trabalho em Urdu University of Islamabad, Paquistão. Irum foi queimada na face, costas e ombros há 12 anos quando quando rejeitou um homem. Passou por 25 cirurgias plásticas.
Shameem Akhter, 19 anos, na sua casa em Jhang, Paquistão. Shameem foi violada por três rapazes que depois lhe atiraram ácido, três anos atrás. Passou por dez cirurgias plásticas para recuperar das cicatrizes.
Najaf Sultana, 16 anos, na sua casa em Lahore, Paquistão. Com 5 anos, Najaf foi queimada pelo próprio pai quando estava a dormir, porque ele simplesmente não queria mais mulheres na família. Como resultado, ela foi deixada cega e depois abandonada pelos pais. Vive agora com familiares. Passou por 15 cirurgias plásticas.
Shehnaz Usman, 36 anos, em Lahore, Paquistão. Shehnaz foi queimada com ácido por um familiar devido a uma disputa familiar há cinco anos. Passou por dez cirurgias plásticas.
Shahnaz Bibi, 35 anos, em Lahore, Paquistão. Há dez anos foi queimada com ácido por um parente devido a uma disputa familiar. Nunca passou por cirurgias plásticas.
anwal Kayum, 26 anos, em Lahore, Paquistão. Kanwal foi queimada com ácido há um ano por um rapaz que ela rejeitou para casar. Nunca passou por cirurgias.
Munira Asef, 23 anos, em Lahore, Paquistão. Munira foi queimada com ácido há cinco anos por um rapaz que ela rejeitou para casar. Passou por sete cirurgias para recuperar das cicatrizes.
Memuna Khan, 21 anos, em Karachi, Paquistão. Menuna foi queimada por um grupo de rapazes que lhe atirou ácido para terminar com uma disputa entre a sua família e a família de Menuna. Passou por 21 cirurgias plásticas.
Zainab Bibi, 17 anos, em Islamabad, Paquistão. Zainab foi queimada com ácido atirado por um rapaz que ela rejeitou para casar há cinco anos. Passou por diversas operações plásticas.
Naila Farhat, 19 anos, em Islamabad, Paquistão. Naila foi queimada na cara com ácido por um rapaz que ela rejeitou para casamento. Passou por diversas cirurgias plásticas.
Saira Liaqat, 26 anos, em Lahore, Paquistão, segura uma foto sua antes de ter sido queimada. Quando ela tinha 15 anos, foi casada com uma pessoa que depois insistiu muito para que ela vivesse com ele. Como Saira disse que só se juntaria a ele depois de terminar os estudos, ele queimou-a com ácido. Passou por nove cirurgias plásticas.
http://delas.ig.com.br/mulher/no-paquistao-as-mulheres-vivem-a-merce-dos-talibas-no-vale-de-swat/n1237492848658.html
http://www.pedalnaestrada.com.br/pages.php?recid=345”


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