“A Justiça Federal em Mato Grosso do Sul suspendeu a ordem de reintegração de posse na fazenda Buriti, localizada no município de Sidrolândia. Esta propriedade foi invadida por índios da etnia terena e sua sede foi inteiramente queimada.
Tentativa de reintegração de posse na fazenda Buriti, em Sidrolândia, em Mato Grosso do Sul
A suspensão da reintegração de posse foi concedida pelo juiz substituto da 1ª Vara Federal, Jânio Roberto dos Santos, atendendo a um agravo de instrumento protocolado pela Advocacia Geral da União (AGU), no Tribunal Regional Federal 3ª Região (TRF3), no dia 28 de maio, para suspender a reintegração de posse, contestação que tinha sido feita por causa da ordem de reintegração do dia 15 de maio.

Índios resistem a sair de fazendas em Mato Grosso do Sul
Produtores rurais e indígenas entraram em conflito por disputa de terras no Estado. Em Sidrolândia, um índio terena foi morto durante reintegração de posse
Agência Estado
Uma tentativa de trégua entre índios e fazendeiros do Mato Grosso do Sul terminou sem colocar fim à ocupação da propriedade em Sidrolândia, a 70 km de Campo Grande, onde um índio terena foi morto durante reintegração de posse, na quinta-feira (30). Uma outra propriedade, no município de Aquidauana, também foi invadida pelos indígenas, que reivindicam demarcação de terras.
Reintegração de posse em Sidrolândia, em Mato Grosso do Sul
Em reunião no sábado (01) com índios, fazendeiros, representantes do Judiciário e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), chegou-se a um fechar um acordo para congelar novas invasões. "Não chegamos ao acordo pretendido, mas se acertou que não haveria novas ocupações nos próximos 15 dias", disse no doming (02) o juiz Rodrigo Rigamonte, coordenador do Fórum de Assuntos Fundiários do CNJ.
Entretanto, um grupo de terenas teria quebrado a trégua e invadido a Fazenda Cambará, que já havia sido alvo de ocupações. A propriedade, assim como a Buriti, na qual Oziel Gabriel, de 35 anos, morreu atingido por um tiro na quinta-feira, 30/05, está em área reivindicada pelos índios
Na reunião de sábado, segundo Rigamonte, lideranças indígenas apresentaram uma lista de processos judiciais que tratam de demarcação de terras indígenas, mas também de outros temas. Esses processos serão encaminhados ao presidente do CNJ, ministro Joaquim Barbosa. Por sua vez, os fazendeiros cobram indenizações para deixar as áreas demarcadas.
"Eu acho que chegaram a uma confluência de objetivos para acelerar as demarcações e definição sobre a forma de indenização aos fazendeiros", afirmou Rigamonte. "Os proprietários não se recusam a sair, mas exigem indenizações pelas benfeitorias e pela terra nua, já que eles têm títulos de propriedade."
'Prioridade'
Na sexta-feira, um dia após a morte do índio Oziel Gabriel em Sidrolândia, a presidente Dilma Rousseff convocou uma reunião no Palácio da Alvorada. Na discussão, a presidente disse que a solução do conflito se tornou "prioridade" para o governo. Dilma quer tentar diminuir os focos de tensão provocados pelo alto nível de judicialização das questões, que impedem até que o Planalto possa agir na demarcação de terras.
A presidente disse "não se conformar" com a morte do índio e está convencida de que a solução passa pela elaboração das novas regras de demarcação de terras indígenas, em estudo pelo governo. Mas Dilma quer que o processo seja conduzido de forma a não se tornar um novo foco de tensão, e por isso insiste na negociação com todos os setores.
A principal mudança em estudo é que os laudos da Fundação Nacional do Índio (Funai) e dos antropólogos deixariam de ser exclusivos. As demarcações considerariam também pareceres de órgãos como o Ministério do Desenvolvimento Agrário e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
Índio morre em confronto com policiais em Mato Grosso do Sul
Vítima foi atingida por bala durante ação de reintegração de posse na cidade de Sidrolândia
Agência Brasil
Um índio terena foi morto e ao menos três ficaram feridos durante uma ação de reintegração de posse de duas fazendas localizadas na cidade de Sidrolândia (MS), a cerca de 60 quilômetros da capital sul-mato-grossense, Campo Grande. 

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De acordo com o Hospital Beneficente Elmíria Silvério Barbosa, o índio, de 35 anos, morreu por volta das 9h30 de hoje (30). Os outros três índios levados ao hospital tiveram ferimentos leves. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) informou que o índio morto se chamava Osiel Gabriel e foi ferido à bala.
Ainda era madrugada quando policiais federais e militares chegaram para cumprir a ordem judicial de reintegração de posse e retirar os índios da fazenda Buriti, ocupada desde o último dia 15. A propriedade pertence ao ex-deputado estadual Ricardo Bacha.
A reintegração de posse foi autorizada ontem (29) à tarde, pelo juiz substituto da 1ª Vara Federal de Campo Grande, Ronaldo José da Silva, após reunião entre os índios e os donos das fazendas, inclusive Bacha. Segundo a Polícia Federal, os índios resistiram à ação policial. Informações preliminares, ainda não confirmadas pela PF, dão conta de que a sede da fazenda chegou a ser incendiada, antes do confronto.
De acordo com o Cimi, a fazenda fica no interior da Terra Indígena Buriti, declarada pelo Ministério da Justiça como de ocupação tradicional, em 2010. Dos 17 mil hectares reconhecidos, os índios ocupam hoje apenas 3 mil hectares (um hectare corresponde a 10 mil metros quadrados, o equivalente a um campo de futebol oficial).
Uma primeira tentativa de desocupar a área foi abortada pela PF no último dia 20, quando os índios também resistiram à ação policial determinada pela Justiça que, diante do conflito, suspendeu a ordem de reintegração até que proprietários e índios realizassem reunião de conciliação. A reunião aconteceu ontem (29) e, como não houve acordo, o juiz Ronaldo José da Silva autorizou a desocupação da propriedade”.

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